domingo, 12 de fevereiro de 2012

_Despedida

Existem várias maneiras de morrer.
Há sempre aquela que segue a ordem natural das coisas, que acontece na velhice, numa cama quentinha, deixando pra trás uma vida bastante longa.
Existem várias formas de partir.
Mortes repentinas, acidentais, que não são previstas, e que nos surpreendem.

Existem, também, várias formas de tirar a vida de alguém. Assassinatos brutais. Provocam a fúria de uma alma que ainda não estava pronta pra partir. Um espírito que não viveu o destino que prescreveu junto com sua família, seus chegados.

Temos hoje muitas maneiras de perder a vida, inclusive para doenças. Essas que a medicina ainda não conseguiu vencer. Doenças que nos degeneram até o último suspiro. Que, por descuido nosso, nos encontram numa noite de prazer e nos abraçam forte até sugar toda a nossa energia vital, ou talvez aquelas que invadem a nossa realidade sem aviso, e, com o mesmo abraço apertado, faz-nos esvair dos pulmões o ar que nos mantêm de pé.

Existem muitas possibilidades de ir embora. Porém no meio de tantos jeitos diferentes, de diferentes histórias, encontramos as maneiras que temos de viver.

Apesar de todas essas inúmeras possibilidades citadas, temos conosco, desde o nascimento, apenas uma certeza na vida: a morte.
Não podemos planejar a morte se não formos suicidas. Não planejamos morrer, apenas acontece. Mas podemos planejar a vida, enquanto a temos.

Em geral, também não escolhemos a quem amar. E essa história já começa no berço. Ou você teve opções na hora de decidir quem seriam seus pais, tios, avós ou primos?
Podemos escolher estar perto de quem amamos. Ainda em vida, podemos escolher dedicar a eles atenção e afeto. Podemos massagear o coração com pequenos momentos de prazer que ficarão na memória da eternidade, gravado não apenas em fotos, mas em descendências que acompanharão o legado de todo esse amor.

Se pensássemos na morte da maneira correta, nos despediríamos todos os dias de quem amamos.
Eu decidi que não vou viver mais do que um dia. A mim basta o hoje. Tenho apenas 24 horas. Tenho só o aqui e o agora.
Não vou me despedir induzido por uma doença em estágio terminal, ou tampouco influenciado por um acidente qualquer que me permita fazer apenas uma ligação de adeus, e nela tentar explicar tudo o que eu deixei de dizer a minha vida inteira, resumindo em apenas um: 'eu te amo'.
Vou demonstrar hoje, que é o último dia que me resta. O amanhã? Deixa estar, deixa estar.




Por Jefferson Almeida

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