segunda-feira, 14 de novembro de 2011

_Encontro

15, novembro de 2011, 03:54am, acabo de chegar em casa e...

E aqui, eu tenho um teto que me cobre e me protege
De tempestades e chuvas
Pra temperaturas,
Um cobertor que me aquece
E um ventilador que me refresca.
Alimentos na dispensa saciam minha fome
E a água da torneira, minha sede.
Existe uma família a minha espera
Todos deveriam ser esperados por alguém...

Acabo de chegar em casa, e uma imagem que eu trouxe comigo não quer me deixar dormir. No caminho, vi um senhor, encolhido, deitado no chão molhado devido a chuva, com um pequeno cobertor velho, em uma garagem aberta junto com areia e pedra, materiais de construção.
Me doeu o coração, e por um instante me senti mal por ter tudo que eu tenho. Me senti grato e sortudo, mas ao mesmo tempo parecia meio egoísta ter tanto enquanto aquele senhor tinha tão pouco ou quase nada.
Me comovi e coloquei em seu lado, pois não queria acorda-lo, uma caixa com algumas esfihas que estava levando pra casa. Alguns cachorros começaram a latir e ele acordou, viu a caixa e logo se animou, talvez com o cheiro pois elas ainda estavam quentes. Neste meio tempo eu já tinha retornado ao carro, quando ele olhou pra mim com certa emoção e agradeceu, dizendo que nem ao menos havia almoçado hoje. Nessa hora engoli um choro doído. Disse algo a ele, e me despedi com um pensamento:
"Eu acabo de encontrar Jesus."


Por Jefferson Almeida

domingo, 21 de agosto de 2011

_Fui do inferno ao céu, e não quero mais voltar

É mais fácil um pobre se adaptar a uma nova vida com regalias e conforto, luxos e fama. Caso o contrário acontecesse com um rico, 'regredindo', pois, a uma vida humilde, a dificuldade de adaptação seria muito mais difícil.
Quando o sujeito da caverna (Platão) conhece o mundo que existe afora, ele nunca mais volta a ser o mesmo. Parto deste princípio para provar que a mesma verdade que liberta, condena. Uma vez que Neo (Matrix) escolhe a pílula que lhe revela a realidade com clareza sobre o que realmente aconteceu aos humanos, é impossível voltar a ser inocente, quebrando então as paredes da memória que guardam toda a dor que a ilusão escondia.
Não somos capazes de voltar pra poder desistir dos planos que não vão acrescentar em nada na nossa vida. Não podemos evitar isso talvez pelo fato de serem exatamente essas decisões que nos formam em vida e nos prepara para algo que é ainda bem maior do que nós mesmos. Fora o fato de que a vida seria muito mais sem graça caso fosse tudo previsível, tudo possível de fazer sentido.
Eu gosto do estrago.
Depois de reconhecer amigos, não me acanho em dizer, não é opção e nem reversível, todo o resto do mundo fica pequeno. Não é possível saber que você pode ter o mundo, e está apenas com um planeta.
Depois de saber a verdade, você nunca mais volta a ser quem um dia acreditou em contos de fadas.
Depois de chegar a cem, é difícil voltar do zero...

"Conhecereis a verdade, e somente ela te libertará."

Por Jefferson Almeida

sábado, 20 de agosto de 2011

_Reflexos

Algumas coisas parecem que não vão nunca mudar. E até eu identificar se isso é bom ou não, leva tempo.
O que não deveria mudar nunca, as vezes muda, some, acaba. E ficamos assim, sozinhos, abandonados, órfãos; de momentos, de pessoas, de lugares, de bandas, de sentido.
Estou feliz, embora cada vez mais confuso.
Estou vivo. Me sinto grato.
Estou com as mesmas convicções, porém aperfeiçoadas, e com o passar dos dias isso é a única coisa que me mantêm vivo de verdade.
Estou tendo novas experiências com coisas antigas. Como um problema de memória, estou vivendo pela segunda vez a mesma emoção, tendo agora o outro lado da moeda pra descobrir, analisando uma outra verdade, pra saber até que ponto ela é verdadeira.
Um mesmo Deus, com uma outra maneira de adoração.
Sinto muita falta de algumas pessoas na minha vida.
Queria voltar a ser criança/adolescente. Descobri que eu tinha muito mais amigos naquela época, pois a minha interpretação de amizade era menos exigente, mais iludida. Meus 'amigos' todos se foram, e eu estou a ponto de enlouquecer, como uma vez prometi a mim mesmo. Previsível...
Mais do que viver o passado novamente, eu queria encontrar um futuro aonde eu me encaixasse, porque, sinceramente, este mundo não parece estar disposto a permitir minha adaptação. Tudo soa estranho, e eu vou levando isso com uma máscara por dia, que não me faz mal, pois toda vez que estou sozinho eu a tiro, e posso, através da música e da poesia, ser sincero comigo mesmo.
Não são queixas, ou talvez se trate apenas disso.
Apenas não quero ter os sentimentos aflorados por injeções de nostalgia, pois o que me espera é muito melhor do que o que passou.
Só espero que o futuro não demore muito pra se tornar presente...

Por Jefferson Almeida

sábado, 4 de junho de 2011

_Wedding

Tempo que vai, e que nos leva a juventude
Experiência que sem o tempo não existiria
Faz tudo tornar-se passado, e traz um desconhecido chamado futuro

Devagar transforma dores em maturidade, e lágrimas em histórias pra contar
Em sentido horário, caminho sem volta
Mudança no destino, prevista pelo acaso

Maré que muda, nos faz sair de casa
Homem responsável de paletó e gravata
Não há certeza de haver amanhã, e nem de portas abertas

Era junho, e o flash capturou aquele momento
Uma semente que foi plantada
E uma criança que está crescendo
Aquele foi seu último casamento



Por Jefferson Almeida

sábado, 26 de fevereiro de 2011

_Mecanismo de (Des)ordem

Você vive apenas uma vez. Partindo daí, é fato que quer dê certo, quer dê errado, você não poderá mudar o que aconteceu e passou. O futuro não lhe pertence. De modo que, se há aqui alguma possibilidade de fazer valer a pena, é hoje. O presente é o tempo de mudar, de planejar, de melhorar. O presente é a época pra crescer, e na luta diária, conseguir desviar(se) das adversidades, focando num objetivo maior. Em algo que tenha significância.
O problema é que você sente medo de mudar. Foi ensinado, desde os primórdios, que a situação sempre pode piorar. Sua cultura é manipuladora, e te faz crer em falsos deuses que te protegem de tudo, assim você não precisa se preocupar, nem correr atrás de nada. De olhos vendados, nem ao menos se dá conta do caminho que está percorrendo.
Eu prefiro o estrago. A homeostase acomoda a gente. Mudanças são necessárias, pra melhorias que tentamos evitar, com medo da situação piorar. Não que eu seja contra buscar o equilíbrio, porém não aprovo ser controlado por 'mecanismos de regulação' ditatoriais. Sou mais do que isso. Eu sou imprevistos.
Não consigo encontrar, por mais que procure, uma vantagem pra permanecer estagnado. Falo no sentido de não conhecer coisas novas. Me refiro a pessoas, lugares, teorias, verdades, opiniões. A diversidade que não é explorada é igual ao trigo no campo, que secou. É como a colheita perdida, ou como a fonte que já não tem mais água.
Nos acostumamos muito facilmente com o que nos ofertam. E a ignorância nos veda a oportunidade de sermos felizes por completo. Aceitamos viver pela metade, aceitamos não experimentar tudo que nos foi oferecido em suma qualidade, por medo de explorar. Perdemos, por nossa própria culpa, o direito de elevarmos ao máximo nosso conhecimento, porque pensamos estar sempre certos. Em nossos casulos escondemo-nos, e ao olhar pra o lado vemos outros mundos, os quais nunca procuraremos entender.
Sim, somos infinitamente prepotentes. E nos julgamos defensores do livre arbítrio, que não é usado para nada.
Quisera eu um dia poder viver a margem das regras que regem a minha vida. Pudera eu, quem sabe, sair da caverna e descobrir um admirável mundo novo. Quisera eu deter a verdade, e questioná-la. Quiçá algum dia eu ache alguém pra me explicar, que tudo isso não é novidade. Pois não há em baixo dos céus algo que seja novo. Há somente pessoas praticando os mesmos erros, ciclicamente, como se vivêssemos um 'eterno retorno' envolto de apenas algumas diferenças.
Pratiquemos, pois, a órbita, e comecemos a nos movimentar (para frente).
Preciso mudar.
Preciso crescer.
Preciso morrer, e nascer novamente.

Sou demasiadamente humano. Sou pecador. Sou hipócrita. E esse é o meu fardo.
Porém, todavia, SOMENTE DEUS PODERÁ ME JULGAR.


Por Jefferson Almeida


Na vitrola: Elvis Presley - My Way