domingo, 11 de março de 2012

_Conversa de Mesa

Os piores seres humanos estão escondidos dentro das igrejas...

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Vemos dentro dos templos pessoas que fogem de seus medos, que escondem seus pecados, que tentam se redimir das coisas horríveis que praticaram no passado. Temos pedófilos, ladrões, drogados, prostitutas, assassinos, ou tão somente os medrosos que tentam evitar ir pra o inferno, que é o lugar - e sabem disso - que merecem de fato.
Seres escrotos, nojentos, pragas despreziveis num sistema hipócrita de redenção, salvação e esquecimento. São todos da mesma laia, ocultando uma vida repleta de atitudes que não são corretas, e que podem até ter chegado ao fim, porém carregam, ainda, na mente, inúmeros pensamentos podres de realizarem seus desejos mais intrinsecamente vis, aqueles que estão intimamente ligados a sua espécie ordinária, que não vale nada!
As paredes das igrejas abrigam almas desorientadas que buscam o próprio interesse. Buscam paz pra mente, pra o espírito. É um desencargo de consciência.

Quem está tirando o melhor de você?
Quem o faz acreditar que você deve negar a sua natureza ruim, ao invés de apenas lutar contra ela?
Quem te faz entregar ao sacerdote o alimento de tua família?
Será que é este o mesmo que te trará redenção, paz e salvação?

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PS¹: Depois desse desabafo, um tanto quanto revoltado, quero deixar bem claro que embora eu tenha generalizado no modo de escrever, não penso que todos sejam assim, nem tampouco que só tenha isso nas igrejas, ou que o evangelho se perdeu no meio do caminho.

PS²: Eu poderia falar de outras religiões, e/ou ao menos envolvê-las no enredo como parte da história, porém mencionei apenas o que me cabe como experiência, ou seja, falo do que vi, do que sei que é real.



Por Jefferson Almeida

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

_Um Fevereiro Memorável...

Não sei bem como começar a escrever a respeito do que vivi esse mês. A principio eu tinha tanta coisa pra falar, mas me fugiu das mãos, como águas escorregando, o domínio de expressar sentimentos através de textos confusos e ambíguos. Eles ficam aqui, todos guardados. Ao menos não são mais tormentos, são afagos.

Aniversários, shows de bandas e cantores que representaram muito na adolescência, confraternização com pessoas de serviço, dentre tantos outros momentos pequenos, isolados, que fazem a hora passar de uma forma bem agradável;
Um acidente que protagonizei, aonde fui muito sortudo por sinal, e que não quero repetir jamais Hahaha;
Uma despedida agridoce de amigos que estão grudados no peito, na carne viva do coração. Partiram deixando muitas saudades, mas pra algo que valerá pra o crescimento e amadurecimento de ambos, como casal, como profissionais, como seres humanos. Aqui, os aguardo com uma ansiedade grande;
Finalmente conheci o Rio de Janeiro, cidade maravilhosa. E foi um turbilhão tão grande de sensações e pensamentos, que eu acabei por não conseguir passar pra ninguém o que eu senti. Soa meio egoísta, eu sei, mas não deu pra descrever o que os olhos paravam pra ver, o que a pele sentia em contato com aquela água, aquela brisa, aquele lugar. As noites que cresciam em glória, e o amanhecer que espalhava luz e calor pra todos. A noite bohemia que não podia faltar, e aquela perde básica de memória, causada pela farra desta mesma noite. Me senti como se estivesse encenando um protagonista de "Se Beber Não Case". Hahahaha.

Restitui valores e consertei fraturas que existiam a anos na relação com pessoas que são pra mim doadores do ar, que dão o motivo da vida. Aprendi a viver, porque isso é preciso.
Através de observações e noites de infinitos pensamentos tive tantas duvidas que seria capaz de confundir a fé mais cega. E, num súbito momento, voltei a ter certeza, depois de ouvir uma canção, de que o que é realmente importante é fazer as coisas acontecerem todas do Meu Jeito. E quando o arrependimento vier, porque erros são inevitáveis, eu vou poder me lembrar de que eu tive coragem pra enfrentar sobretudo os meus próprios fantasmas pra poder vencer, chegando ao fim de um mês, de um ano, de uma vida inteira.

Me despeço desse Fevereiro com uma satisfação enorme, e pensando na filosofia do Eterno Retorno, peço: VOLTA FEVEREIRO, DESSE MESMO JEITO, PORQUE EU CURTI MUITO VIVER VOCÊ!

Com uma enorme satisfação, até o ano que vem;


Jefferson Almeida

domingo, 12 de fevereiro de 2012

_Despedida

Existem várias maneiras de morrer.
Há sempre aquela que segue a ordem natural das coisas, que acontece na velhice, numa cama quentinha, deixando pra trás uma vida bastante longa.
Existem várias formas de partir.
Mortes repentinas, acidentais, que não são previstas, e que nos surpreendem.

Existem, também, várias formas de tirar a vida de alguém. Assassinatos brutais. Provocam a fúria de uma alma que ainda não estava pronta pra partir. Um espírito que não viveu o destino que prescreveu junto com sua família, seus chegados.

Temos hoje muitas maneiras de perder a vida, inclusive para doenças. Essas que a medicina ainda não conseguiu vencer. Doenças que nos degeneram até o último suspiro. Que, por descuido nosso, nos encontram numa noite de prazer e nos abraçam forte até sugar toda a nossa energia vital, ou talvez aquelas que invadem a nossa realidade sem aviso, e, com o mesmo abraço apertado, faz-nos esvair dos pulmões o ar que nos mantêm de pé.

Existem muitas possibilidades de ir embora. Porém no meio de tantos jeitos diferentes, de diferentes histórias, encontramos as maneiras que temos de viver.

Apesar de todas essas inúmeras possibilidades citadas, temos conosco, desde o nascimento, apenas uma certeza na vida: a morte.
Não podemos planejar a morte se não formos suicidas. Não planejamos morrer, apenas acontece. Mas podemos planejar a vida, enquanto a temos.

Em geral, também não escolhemos a quem amar. E essa história já começa no berço. Ou você teve opções na hora de decidir quem seriam seus pais, tios, avós ou primos?
Podemos escolher estar perto de quem amamos. Ainda em vida, podemos escolher dedicar a eles atenção e afeto. Podemos massagear o coração com pequenos momentos de prazer que ficarão na memória da eternidade, gravado não apenas em fotos, mas em descendências que acompanharão o legado de todo esse amor.

Se pensássemos na morte da maneira correta, nos despediríamos todos os dias de quem amamos.
Eu decidi que não vou viver mais do que um dia. A mim basta o hoje. Tenho apenas 24 horas. Tenho só o aqui e o agora.
Não vou me despedir induzido por uma doença em estágio terminal, ou tampouco influenciado por um acidente qualquer que me permita fazer apenas uma ligação de adeus, e nela tentar explicar tudo o que eu deixei de dizer a minha vida inteira, resumindo em apenas um: 'eu te amo'.
Vou demonstrar hoje, que é o último dia que me resta. O amanhã? Deixa estar, deixa estar.




Por Jefferson Almeida

domingo, 5 de fevereiro de 2012

_Escolha

É chegada a hora de decolar, mas não posso estar presente em dois lugares em tempos iguais.
Veio a tona o momento que estava sendo esperado, com lugar guardado em local de destaque, mas não posso ocupar dois lugares no espaço, simultâneamente.
Alcancei, com suor no rosto, a vida. Depois da batalha, o meu sangue não se esvaiu por completo, e eu sobrevivi, mas não posso lutar contra dois guerreiros na mesma arena.

É chegada a hora de decidir, porque o tempo de cantar chegou.
E já que não posso ser dois, faço o que devo, ou o que quero?
A religião me repreendeu, e eu preferi ser feliz...

Por Jefferson Almeida

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

_O Aqui e o Agora.

Gosto de pensar na vida como uma Avenida grande, daquelas que não conseguimos enxergar o final. Daquelas com bastante curvas e acidentes, com dias chuvosos molhando o asfalto, e dias de muito sol esquentando o solo. A cada esquina uma surpresa.

Gosto de pensar na vida como um ônibus, desses de transporte público. Com muitas viagens de dia e de noite. Com gente de diferentes personalidades, com muitas paradas, subidas e descidas. E a cada encontro uma história.

Gosto de pensar que se existi uma maneira correta de administrar a vida, ela já se perdeu, e agora só restam sortes lançadas sobre escolhas feitas. Só existe a eternidade das vinte e quatro horas pra nos dar a chance de realizar alguma coisa que tenha relevância o suficiente pra nos dar alegria quando o presente já tiver passado, e depois de muito tempo termos histórias boas pra contar com o que fazemos desses pequenos momentos diários, tão comuns e tão raros.

Gosto de pensar que todos pensam assim. Que todos escolhem seus destinos e suas vidas. Que somos donos de nós mesmos, e dependentes uns dos outros, como unidades. Gosto de pensar que não penso assim sozinho.

Me agrada não precisar de uma doença fatal, em estágio terminal, pra me dar conta de que existem coisas mais importantes na vida, do que apenas sobreviver e esperar. Esperar por algo que não é tangível, esperar pra fazer algo que a vontade pede agora, por um amor que não vai voltar ou por um equivoco que não pode ser consertado.
Não tenho vontade de esquecer os erros que cometi, nem tampouco me esforço pra lembrar das quedas e fracassos. Os tenho todos aqui, comigo, escritos a ferro quente na pele.

A história continua sendo escrita, mas nessa condição humana não pode ser editada.
Posso assistir, mas prefiro atuar.
Escrevo uma vida digna de ser repetida, aqui e agora.
Hoje eu sou feliz, porque aprendi a amar, a amar...


Por Jefferson Almeida

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

_Um Janeiro Bem Vivido

A tristeza é inspiradora.
Promove as melhores poesias e canções, melodias e harmonias.
A tristeza faz crescer, evoluir e aprender. Amadurecimento através de aprendizado.
A casa de luto, dizem, é melhor que a casa de festas.

Não me sinto inspirado faz muito tempo.

A alegria tem me acompanhado bem de perto,
Sendo trazida através de pessoas e momentos que minha memória já fez
questão de eternizar, pra que nem mesmo o Alzheimer possa me roubar.

Ando sem pressa;
Sinto o vento;
Observo o nascimento do menino;
Viajo sem sair do lugar;
Cultivo minhas amizades de vinte e tantos anos;
Não cedo em minhas idéias;
Nem vejo mal em mudar de opinião;
E idealizo mais do que nunca um mundo melhor.


Janeiro já foi embora e parece que eu já vivi uma vida inteira dentro dele.
Iniciei este 2012 como se eu tivesse conhecido a mim mesmo, estabelecendo critérios que eu já não fazia tanta questão, cultivando novamente ideologias que tinha guardado na gaveta.
Esse Janeiro vai embora e minha memória é pouca pra guardar tanto amor, tanto deslumbre. Sai, viajei, conversei, gargalhei, olhei no olho, recebi conselhos, assisti a shows, dormi pouco, me despedi de gente que vai se mudar mas que nunca vai sair daqui, de junto de mim.
Cansei meus pés, meu corpo, e alimentei meu espírito com aconchego, paz, reflexões.
Quem eu estou sendo neste 2012 foi escolha minha, e sem saber o que me aguarda, eu aceito a consequência de cada decisão, porque, se não eu, ninguém mais vai saber o que é bom pra mim.

Tchau, Janeiro, e até o ano que vem...


Por Jefferson Almeida


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

_Encontro

15, novembro de 2011, 03:54am, acabo de chegar em casa e...

E aqui, eu tenho um teto que me cobre e me protege
De tempestades e chuvas
Pra temperaturas,
Um cobertor que me aquece
E um ventilador que me refresca.
Alimentos na dispensa saciam minha fome
E a água da torneira, minha sede.
Existe uma família a minha espera
Todos deveriam ser esperados por alguém...

Acabo de chegar em casa, e uma imagem que eu trouxe comigo não quer me deixar dormir. No caminho, vi um senhor, encolhido, deitado no chão molhado devido a chuva, com um pequeno cobertor velho, em uma garagem aberta junto com areia e pedra, materiais de construção.
Me doeu o coração, e por um instante me senti mal por ter tudo que eu tenho. Me senti grato e sortudo, mas ao mesmo tempo parecia meio egoísta ter tanto enquanto aquele senhor tinha tão pouco ou quase nada.
Me comovi e coloquei em seu lado, pois não queria acorda-lo, uma caixa com algumas esfihas que estava levando pra casa. Alguns cachorros começaram a latir e ele acordou, viu a caixa e logo se animou, talvez com o cheiro pois elas ainda estavam quentes. Neste meio tempo eu já tinha retornado ao carro, quando ele olhou pra mim com certa emoção e agradeceu, dizendo que nem ao menos havia almoçado hoje. Nessa hora engoli um choro doído. Disse algo a ele, e me despedi com um pensamento:
"Eu acabo de encontrar Jesus."


Por Jefferson Almeida