quinta-feira, 2 de julho de 2009

The Picture - A moment


O botão fixa o momento, e as pessoas estranhas da foto, não passam de desconhecidos.
O tempo, que se passa, flexibiliza aquela foto. Com todas aquelas pessoas que nela estavam.
Jhuly jamais imaginara o poder de um momento.
Ele determina.

Quando os anestésicos passam, a imagem volta.
Mesmo que seja aquela, antes da trepidação da sua vida!
Um pensamento, um arrependimento, uma vontade, um retorno.
A razão põe as cartas na mesa.

Jhuly sempre olha seus retratos.
Aquele clic pegara seu melhor perfil. Seu melhor sorriso.
Mas quando a substância que reprime a sensibilidade perde seu efeito, as lágrimas voltam.
Lembre de mim, quando estiver sozinho.
Lembre-se de mim, nestas necessidades especiais. Essas vontades especiais. Esses sonhos.

As fotos reparam em Jhuly, uma pessoa diferente. Observam uma estranha.
De fato morrera naquela noite.
Um momento, e o último flash atingiu sua retina. Um olhar medonho.

O tempo é cego. E o momento é inconsequênte.
Capaz de definir todas as suas escolhas futuras, ele elege quem estará ao seu lado, quando a luz súbita piscar.
Capaz de provocar um holocausto.
Capaz de te fazer voltar pra casa.

Jhuly foge de volta pra casa quando revive suas fotos.
Põe-se a esquecer suas pernas mortas, e por instantes parece que é ela quem não responde seus órgãos.
Sabe que é só um momento.
Sabe que é só uma foto.

Mas são seus anestésicos
É a sua fuga
É o seu momento...
E quando passam, os fantasmas voltam. Ela se senta novamente naquela cadeira, e aguarda o fim.

Continua presa.
Mas não é a cadeira que a prende. Talvez seja a foto.
Talvez seja a vida infeliz que vive, e a alegria que deixara de viver enquanto ainda podia contar com o tempo, com os flash´s, com seu corpo.
Enquanto ainda existia poses para se fotografar...


Fim.
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Texto por Jefferson Almeida

Na vitrola: Bell X1 - Eve, The Apple of My Eye

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